quarta-feira, 29 de junho de 2011

Recolher-se

Às vezes é preciso recolher-se. O coração não quer obedecer, mas alguma vez aquieta; a ansiedade tem pés ligeiros, mas alguma vez resolve sentar-se à beira dessas águas. Ficamos sem falar, sem pensar, sem agir. É um começo de sabedoria, e dói. Dói controlar o pensamento, dói abafar o sentimento, além de ser doloroso parece pobre, triste e sem sentido. Amar era tão infinitamente melhor; curtir quem hoje se ausenta era tão imensamente mais rico. Não queremos escutar essa lição da vida, amadurecer parece algo sombrio, definitivo e assustador. Mas às vezes aquietar-se e esperar que o amor do outro nos descubra nesta praia isolada é só o que nos resta. Entramos no casulo fabricado com tanta dificuldade, e ficamos quase sem sonhar. Quem nos vê nos julga alheados, quem já não nos escuta pensa que emudecemos para sempre, e a gente mesmo às vezes desconfia de que nunca mais será capaz de nada claro, alegre, feliz. Mas quem nos amou, se talvez nos amar ainda há de saber que se nossa essência é ambigüidade e mutação, este silencio é tanto uma máscara quanto foram, quem sabe, um dia os seus acenos."

 

Lya Luft

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Não é Fácil…

Tá certo que os últimos dois meses foram uma barra. Perder pessoas que a gente ama nunca é fácil, concordam? Perceber que alguns ideais já se cansam ao tentarem permanecer intocáveis diante de tanta falta de realidade, também não é moleza, certo? Dar vez a realidade frente ás expectativas, nem sempre desce fácil pela garganta…

Pois é, quedas a parte, minha sorte definitivamente é que meus ossos não são feitos de vidro, caso contrário jamais conseguiria suportar os baques da vida.

Pelo menos foi desse meu jeito atípico que camuflei as esperas e dores mais longas e cruéis da minha vida. Vai ver foi esse o meu mecanismo utilizado para que tudo doesse menos e por menos tempo. Pra manter ainda disposto o coração.

O que de fato perturba é ter ainda a sensibilidade de uma criança. E o pior, junto de uma bagagem e a visão real do que é o mundo hoje.

Com 25 anos eu acho horrível o meu discernimento. E não sei ainda e o difícil é crescer ou compreeender.
Então eu prefiro ficar assim, a banalizar o que pra mim não é aceitável.

Recuso-me a acreditar que os homens são todos iguais, que os sonhos tem preços, que as pessoas tem preços e que passar por cima dos outros seja tão fácil pra 90% das pessoas.


Que se danem os meus testes psicológicos! Eu vou estar na casa dos 60 com os mesmos fortes traços de infantilidade, desenhando botões coloridos em blusas e me sentindo insegura diante de um mundo em que sou uma estranha.
E que a vida me permita permanecer estranha em um mundo que se tornou tão estranho…