Às vezes me perguntam por que eu ando desanimada e nem eu mesma sei responder. Talvez eu saiba dizer a razão pela qual algumas vezes tenha entregue meu coração á amores, causas, sonhos, família….
Eu acredito que tudo foi fruto dessa nossa juventude, daquela prepotência sem intencionalidade de achar que se sabe de tudo. Que se é o mandante do mundo. Que se fecha pra mínima possibilidade de o mundo não ser realmente cor-de-rosa.
Eu realmente achava que era praticamente tudo uma questão de vontade. Que querer salvar o mundo e ser aquilo que se deseja era determinado por resistência. Eu duvidava que a vida fosse tão efêmera ou que certas coisas não fossem capazes de mudar. Eu não brincava quando citava a possibilidade de ser super herói, sobre ser um ser invencível.
Eu achei que o amor era somente uma questão de peito aberto e encontro. Falava dele com tanta simplicidade e conhecimento. Eu me fechava quanto ao fato das adversidades. Durante muito tempo eu fui crente até que dava de se viver dele. E diferente de tudo que hoje eu não sei, eu sei perfeitamente quando essa minha Síndrome de Afrodite foi para o espaço. Fragmentou-se, dissipou-se em questionamentos e receios que hoje podam cada frase direcionada a 3 pessoa. Temporáriamente riscadas do meu vocábulário.
Eu pensei com convicção que soubesse de tudo e ainda mais um pouquinho do restante. Eu nunca admiti a falta de fé, os incrédulos. Eu achava que éramos nós que estávamos no controle de tudo e só acreditava em destino quando esse pudesse ser favorável. Quando lá na frente ele nos colocasse potes de ouro, curas de doenças e príncipes encantados. Pode parecer piegas, mas eu acredito em todas essas coisas.
Acreditava no tempo e na parceria que podíamos fazer com ele. Mas olha só o que hoje ele me traz, uma pele negativamente diferente e um mundo beirando ao caos. Trouxe consigo responsabilidades e a sua própria redução para que eu conseguisse resolvê-las. Trouxe um pouco de medo, que antes não existia, mas que tem me feito ficar um pouco presa ao chão. Eu bem disse que queria ser Peter Pan.
E quando eu também achei que entendia tudo sobre relacionamentos humanos e pessoas, as minhas vem, estragam tudo e então eu descubro que nem ao certo sei quem eu sou!
Então como se faz para escrever ou falar de algo que não se conhece? Que tem seus valores, princípios e costumes que não se enquadram com o que rodeia? Que até reluta cansada pra não perder a personalidade, mas que vem perdendo gradativamente as forças toda vez que a vida resolve sem aspectos de culpa lhe dizer não?
E o pior de toda a situação é presenciar esse ser estranho acostumando-se com a acomodação. É ver seu corpo encaixando-se ainda meio torto nesses novos moldes feitos de aceitação.
Ainda não dá para escrever sobre algo que não agrada. Enquanto isso eu vou vivendo até que passe. Volto, se encontrar minha identidade…