Nunca me conformei com o fim de nada. Por mais que eu sentisse que era a hora. Por mais que eu quisesse ou precisasse me livrar das coisas. O "acabou" sempre chega ou chegou como se eu jamais tivesse parado pra pensar nele. Cruel, terrível e doloroso além de mim.
O último dia em qualquer coisa que tenha durado tempo suficiente pra me fazer dormir sorrindo com o dia seguinte. Um emprego, um curso, uma casa, uma viagem especial, um relacionamento. O ultimo dia do ano. Sempre tristes, sempre cheios de momentos em que eu preciso me isolar e ficar de um quase desespero catatônico. Uma vontade de sair correndo sem me mexer. Um pavor calmo e, pra quem nada entende de espasmos assustados, até sorridente. Abaixar e abrandar tudo em mim que ainda se debate pra continuar onde estava. Subindo loucos para a minha testa, todos eles. Mas quem são esses eles que sobem pra minha testa? Um mal estar em velar a vida que acabou pra poder continuar. Uma mistura caótica de enterro com nascimento, tipo se apaixonar.
Logo em seguida, me encontro em uma busca confusa, um auto-exilamento de qualquer tipo de comentário clichê de “isso passa”. Me pego me debatendo em pequenos pensamentos, entre a dúvida do seguir e do ficar, entra a real vontade e o que definitvamente deve ser feito.
Queria ser como aquelas pessoas normais, que batem nas costas, limpam a poeira deixada pelos rompimentos da vida, e amanhecem novamente amanha com o bom e velho sorriso de esperança nos lábios. Mas eu não. Eu me desconcerto, eu me belisco, eu me perco no meio de tantos pontos de interrogação. Eu pego minhas certezas e engesso-as, me negando a modificar o que já é batido em matéria de certezas.
Se eu tivesse que explicar, em uma só frase, a angústia causada pelas incertezas que são cruelmente rompidsa pela realidade, eu recorreria mais uma vez á Martha Medeiros:
“Estamos todos de passagem. Portanto, não aborreça os outros e nem a si próprio, trade de fazer o bem e de se divertir, que já é um grande projeto pessoal. Volto a destacar: bom humor e humildade são essenciais para ficarmos em paz. Tudo é incerto, a começar pelo dia e a hora da nossa morte. Incerto é o nosso destino, pois, por mais que façamos escolhas, elas só se mostrarão acertadas ou desastrosas lá adiante, na hora do balanço final. Incertos são nossos amores, e por isso é tão importante sentir-se bem mesmo estando só. Enfim, incerta é a vida e tudo o que ela comporta. Somos aprendizes, somos novatos, mas beneficiários de uma dádiva: nascemos. Tivemos a chance de existir. De nos relacionar. De fazer tentativas. O sentido disso tudo? Fazer parte. Simplesmente fazer parte…”
Que tipo de pessoa seria eu se não compreendesse os finais? Porém, me dou ao direito de velar cada uma das minhas perdas da maneira como acredito que merecem. Me dou ao direito de ficar de luto por cada uma das mortes, sejam de projetos, de pessoas, de relações, ou de sonhos. Me dou ao direito de chorar, esperniar, pra aí sim andar por aí com o sorriso no rosto de quem sabe que ali na frente tem mais uma esquina.
Tive certa vez um namorado, que me disse que eu era intensa demais. E que talvez fosse intensa demais pra qualquer pessoa. Hoje, mesmo quase 10 anos depois, eu entendo o que foi que ele disse. Entendo exatamente o que foi que ele viu. Nada tenho a ver com não gostar de mim. Me aceito impura, me gosto com pecados, e há muito me perdoei
Desaprender para aprender. Deletar para escrever em cima.
Houve um tempo em que eu pensava que, para isso, seria preciso nascer de novo, mas hoje sei que dá pra renascer várias vezes nesta mesma vida. Basta desaprender o receio de mudar
''O jeito é curtir nossas escolhas e abandoná-las quando for preciso, mexer e remexer na nossa trajetória, alegrar-se e sofrer, acreditar e descrer, que lá adiante tudo se justificará…”
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