quinta-feira, 10 de março de 2011

Coração…

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Mas a lição que eu aprendi no sábado é que não vale a pena consertar um carro pela décima vez. É mais fácil comprar um novo e fim de papo. Afinal, eu bem que tentei consertar meu relacionamento com todas essas pessoas e só ganhei mais e mais poses e menos e menos verdades. Ainda que doa deixar pessoas morrerem, se agarrar a elas é viver mal assombrado. Tati Bernardi

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Acho que um dia o cara lá de cima acordou de bem com a vida e pensou: Vou fazer alguém com coração hoje!

E eu imagino o quanto ele deve ter sido alertado de que pobre coitado algum merecia isso. Nascer com um coração?? Não faça isso!!! Já tentamos isso diversas vezes e o Senhor sabe, nunca dá certo!

Pois bem, diante de toda a sua grandeza, ele bateu o pé, e eis me aqui!

Queria saber quem foi que deu a idéia. Certamente, não fazia a menor noção do que isso me traz de turbulência na vida. Chego a me sentir meio retardada. E não é fazer piada, mas se ele estiver de um lado, e qualquer outra coisa estiver do outro, pimba! Dá meu coração com folga. Não dá a menor chance pros adversários.

E que grande burrice é ter um desses. E que grande burrice é querer salvar o mundo. E que grande burrice achar que a pessoa que a gente ama deveria amar a gente de volta e na mesma intensidade. E que burrice maior ainda é se doar ás pessoas, amizades, amores, se doar as causas, ás dores, que grande burrice é achar que com apenas um coração, faz-se alguma diferença.

Pois bem, desculpem a boca de quem anda cansada, mas que grande bosta! Queria saber esconder quando as lágrimas querem sair, mesmo que por motivos irrelevantes, mas que pra mim, a “sortuda” do coração, doem mais. Acreditem, eu sempre consigo somatizar tudo centenas de vezes mais do que os outros. Dá pra entender?

Queria acordar de manhã só um diazinho, e não me importar se perdi a hora, se tem alguém deitado dormindo no chão na frente do meu prédio, se alguém me pede dinheiro pra comprar remedio pra bronquite pra um recém nascido no terminal, se alguém pede dinheiro emprestado e eu sei que não vai pagar, se alguém me diz que não tenho amor próprio simplesmente porque me dou ao luxo de seguir meu coração, queria definitivamente acordar e não sentir vontade de chorar quando lembro de pessoas queridas que não estão mais presentes, quando penso em tanta gente com tantos problemas, queria comer uma coisa qualquer e jogar o papel no chão, tomar um banho de 4 horas até os dedos ficarem murchos de dane-se a água que falta por aí. Queria não ter peso na consciencia quando compro comida demais e jogo fora. Queria não esperar ouvir um “você me faz bem, eu te adoro…”. Queria ir á uma festa qualquer, beijar um desconhecido qualquer e achar bacanérrimo, queria não sonhar em construir família, queria não desejar tornar as pessoas que eu amo orgulhosas de mim, só um dia queria sair por aí andando na contra mão da vida. Me fazer de louca, desconhecida, e acima de tudo calar o coração, por minutos, segundos, seguir qualquer outra direção que não seja a que me foi apontada por ele.

E dá pra fazer isso carregando esse pedacinho vermelho dentro de mim, que aperta quando não está contente, que acelera quando vê o cara que duvida que eu seja um exemplar desses, com um pedacinho de vida latente no peito e uma consciência absurda que me tira o sono, o prumo, o rumo, e que me faz me colocar em segundo planos tantas vezes? Dá pra fazer tudo isso não levando em consideração quando causamos a discórdia, mágoa, choro, decepção? Quando frustramos expectativas que dependiam de nós pra serem concretizadas. Dá? Me ensinem?

Eu ando cansada dessa história toda. Ando cansada de ser quem anda lá atrás pra ter uma boa visão de como estão todos, como está tudo, mas que não se pode permitir chorar e esbravejar por parecer egoísta e mesquinha, diante de tantos problemas maiores ao redor. De quem erra de vez em quando, é teimosa, mas tem isso apontado por aí com muito mais ênfase do que as qualidades?

Ah, façam-me o favor. Me deixem quieta, já basta ter que conviver com ele, e acreditem ele não se cala, ele não se resigna, ele não guarda sua opinião pra sí. Já me basta ter que conviver com as expectativas e os sonhos absurdos que ele me faz ter. Já me basta desejar tanto, querer tanto, e viver tanto. Já me basta. Tanto amor, tanto carinho, tantos sonhos, perdidos no meio de tanta desconfiança, tanta falta de fé, incrédulos, rótulos, estigmas, desigualdades.

Tanta vontade de calar um minuto. Tanta vontade de que ao menos ele percebesse. Que ele entendesse…Puxa a mala lá de cima outra vez, porque simplesmente não posso exigir que enxerguem e reconheçam o que se passa aqui dentro…e mesmo assim queria saber de quem foi a grande idéia de me dar um desses!

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