sábado, 6 de novembro de 2010

Sorte ou Azar?

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Hoje descobri porque eu não tenho sorte no jogo. Porque toda vez que eu jogo, eu penso que vou usar o dinheiro pra ajudar muita gente de quem eu gosto. Só de carro, acho que seriam uns 20. Queria retribuir muita coisa boa que já fizeram pra mim. Pagar muitas viagens, viajar e levar muita gente comigo. Mas, segundo minha mãe, jogo é coisa do capeta, então, quando a gente joga, a gente tem que pensar que se eu ganhar, eu vou fazer mal pra fulano, fulano e fulano. Pra poder dar certo. Por isso que eu nunca ganho nada. Do fundo do meu coração que eu queria pensar qualquer coisa do tipo, mas simplesmente não consigo. Ia ser até interessante descer do pedestal e desejar mal pra meia dúzia uma vez na vida! Mas não, esta não seria eu.

Queria ter recebido outro tipo de educação da minha família. Meus valores, minhas crenças, meus objetivos nunca me empurraram pra frente. Sempre fui tão correta com todo mundo, sempre fiz o bem, sempre fui sincera, sempre fui educada, sempre amei demais, sempre agi de boa fé, sempre fui fiel, sempre paguei minhas contas em dia. E o que eu tenho recebido de volta não se parece em nada com o que eu tenho feito. E pior: o que tenho visto é o mal prevalecer. Quem se dá bem são as pessoas que agem de má fé com as outras. São as vagabundas. As interesseiras. Os covardes. Os de alma pequena. Os pobres de espírito. Todo tipo de mal intencionado de plantão.

Quem tem se dado bem é sempre aquele que usa o outro, que engana, que abusa da boa vontade das pessoas. Quem tem se dado bem é quem pega dinheiro emprestado e não paga, quem sai sem pagar a conta, quem usa o “jeitinho brasileiro”. São os políticos corruptos. São os que sonegam impostos. São os que cobram juros abusivos. São os que fazem falsas promessas milagrosas. Os que vendem produtos pra emagrecer que não funcionam. São os que falsificam remédios, bolsas e tênis. São aqueles que usam a força da publicidade pra vender sonhos distantes. Pra vender terreno na lua. São as igrejas que usam o nome de deus pra roubar os pobres fiéis. São os patrões que não pagam os direitos dos empregados. São os maus empregados. São as mulheres interesseiras. São os namorados sem caráter. São os pais que colocam filhos no mundo apenas para serem contemplados com alguma das modalidades de "bolsa vadiagem".

Por isso, queria fazer tudo diferente. Queria ser uma pessoa pior. Queria não chorar quando magôo alguém. Queria não me culpar quando erro. Queria não pedir a Deus todos os dias pra olhar pelos que eu amo, incluindo os que não merecem. Queria ligar o foda-se no talo. Queria que eu quisesse que alguém se fudesse. Mas não desejo mal a ninguém. Não consigo. Queria não acreditar quando a Lya Luft, cabalisticamente, que tudo que a gente faz volta pra gente. Mas eu acredito. Não porque é minha musa intelectual falando, mas porque eu acho mesmo que o que a gente faz volta pra gente. Algumas vezes, volta em dobro. Queria que Newton nunca tivesse inventado a terceira lei pra confirmar meus pensamentos: a toda ação, corresponde uma reação, de igual força e intensidade, em sentido contrário (basicamente, é isso). Mas, mesmo eu acreditando em Newton, Lya Luft, Cabala, ou seja lá o que for, nada de bom tem voltado pra mim ou pra quem quer ser de bem. O bandido tem se saído melhor que o mocinho. O mal ta vencendo o bem. O país, as pessoas, os amores e o orkut só confirmam minha teoria de que bonzinho só se fode. De que eu estou perdendo meu tempo e minha chance de ficar milionária por ser uma cidadã de bem. Hoje, joguei na mega-sena pra tentar a sorte no jogo. Mas, se jogo for coisa do capeta mesmo, vou precisar treinar mais um pouco, e aí é provavél que não ganhe nunca.

Um comentário:

Angélica Medeiros disse...

Não sei se é sorte ou azar amiga. Só sei que me sinto da mesma forma que você.
=/
beijos