Eu sou uma eterna apaixonada por palavras. Músicas. Pessoas inteiras. Não me importa seu sobrenome, quanto carrega no bolso ou onde nasceu. Pessoas vazias são chatas e me dão sono.
Gosto de quem mete a cara, arrisca o verso, desafia a vida. Tem muita coisa dentro de você? Então joga fora essa porra de identidade e senta aqui. Pára de falar de rave, de viagem, de quantas horas ficou sem dormir ouvindo tuntztuntz, de quanto ganha ou de como se veste. Ok, pode falar, mas seja breve! Eu quero saber sobre voce! Você não é só uma festa, uma foto de orkut, um carro bonito que te custa caro. Você não é só um i-phone, uma tv de plasma, ou uma notícia barata na coluna social do jornal. VOCÊ É GENTE! E gente sente, sofre, chora, sente sono. E tem medo. Eu na verdade tenho muitos medos. E um deles é que as pessoas virem apenas uma imagem. Não para os outros (que se fodam os outros), mas para si mesmas. Meu Deus, onde vamos parar? Antes que a conversa se estenda quero esclarecer logo. Não sou hipócrita. Também adoro um auê, uma frescurinha, champagne boa. Tenho um ego chato que apaga fotos em máquinas alheias. Fico emburrada se a calça jeans não entra. Brigo cá com meus defeitos (que são fartos e meus). E acho que todo mundo os tem. Mas o que vim dizer hoje, não é isso. Ou melhor, é sim. O que eu quero falar na verdade é que: A GENTE PODE SER MUITO MAIS DO QUE ISSO. Que tal se preocupar mais com SER do que com TER, nem que seja pra variar? Me conte suas viagens, me mostre suas histórias, mas seja sincero. Você detestou aquele lugar que todo mundo ama? Na verdade você odiou? Então pra que dizer que foi uma viagem do caralho e colar aquelas fotos com gente cretina bem no meio do seu mural? Não precisa fazer linha comigo. Eu nasci desalinhada e vocês sabem. Lembre-se de quem você era, de quem voce é. (você se lembra?). É a sua essência. Tudo que há por trás do sorriso e do óculos escuro. É minha gente. Estou naqueles momentos silênciosos onde raras coisas parecem fazer sentido.Sigo a vida pelo roteiro, sou quase normal por fora pra ninguém desconfiar. Mas por dentro eu deliro e questiono. Sempre há mais, há porquês, há poréns, a o fio da meada. Não entendo como as pessoas podem deixar guardados seus maiores tesouros, e mostrar apenas tudo que de fútil é socialmente mais aceito. Eu não entendo isso. Não entendo porque escolher o raso quando se pode escolher o fundo. E mergulhar de roupa nele. E conhecer tudo com amplitude, profundidade, entendimento. Não entendo como alguém se apaixona por uma conta bancária, ou por um carro, e não por um sorriso, por um monte de sonhos desorganizados querendo sair ao mesmo tempo, por ideologias, por uma timidez, ou até por uns defeitos maravilhosos.
Tá tudo realmente de cabeça pra baixo, ou fui eu que pirei no meio de tantas duvidas, tantas vontades, é muito querer pra uma pessoa só.
Eu já mergulhei de roupa, ejá conversei com estranhos, e aliás faço isso com tanta constância que arriscam dizer que é loucura. Eu ri sozinha dentro do ônibus dezenas de vezes, chorei de saudade, saltei sem saber se haveria chão.
E sabe do que mais? Eu tenho uma certeza que me acompanha aonde eu vou. A certeza de que eu sou gente. E DE VERDADE.
Fernanda Mello
Há 10 anos
2 comentários:
Você disse tudo aquilo que eu já venho dizendo há muito tempo... Há tempos que ando farta de pessoas sem conteúdo. Pessoas que possuem aquela casca muito bonita, mas que quando quebrada não sobra mais nada além de casca quebrada. Mas ainda que tenha me custado muito, continuo tendo fé nas pessoas, e em mim mesma!
Beijinhos
"Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já têm a forma de nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos que nos levam sempre aos mesmo lugares. É o tempo da travessia, e se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos" (Fernando Pessoa)
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